quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O Poder da Autocompaixão



                 Imagine que uma grande amiga sua se desabafe com você o quanto está sofrendo devido a uma separação e você fala para ela: “Claro que essa pessoa não quer mais ficar com você, tem tantas melhores por aí, você está gorda, feia e não é muito inteligente”. Talvez, com esse exemplo, você pense que nunca falaria isso pra alguém que ame, que estupidez!
               Imagine que você vai contar para seu amigo com muita tristeza que as coisas não estão indo bem no trabalho e ele te diga: “Você é muito incompetente mesmo, você não é bom o bastante para esse trabalho”.  Isso não parece algo que um verdadeiro amigo falaria, não é? Não mesmo! Mas troque esse amigo por você: você falando com você mesmo. Quantas vezes não falamos (alto ou em pensamento, sozinhos ou para outras pessoas) crueldades para nós e sobre nós mesmos?   
         Muitas pessoas agem como seus próprios – e piores- inimigos. Isso acontece através da autocrítica, que muitas vezes leva a uma autopunição, mesmo que inconscientemente (a autossabotagem), por não se achar merecedor de coisas boas. O melhor antídoto para isso é a autocompaixão. É você se tratar como seu melhor amigo, saber se escutar, ser compreensivo, dar boas orientações, incentivo, acreditar em si, tratar-se com carinho, gentileza e amor, diminuir o autojulgamento e a rigidez, ter paciência consigo e assim poder sentir-se mais em paz. 
           Estudos recentes revelaram que quem cobra demais de si apresenta níveis mais altos de depressão e ansiedade. Já quem é mais compreensivo com as próprias falhas é mais feliz, otimista e tem mais saúde. Um grande número de pesquisas também tem encontrado que praticar autocompaixão está relacionado a benefícios como:acelerar o processo de recuperação emocional após um divórcio; acalma mulheres que lutam contra autoimagem corporal negativa; contribui para auxiliar mães de crianças autistas; ajuda no enfrentamento do envelhecimento; conduz a comportamentos mais saudáveis, como ir ao médico ou praticar exercício físico; ajudar a aliviar a ansiedade diante de testes e medo de falar em público, etc. 
         Importante dizer aqui o que não é autocompaixão: Não é autopiedade nem egocentrismo: ao sentir pena de si você se sente inferior, enfatiza sentimentos egocêntricos e o apego ao sofrimento, você se sente como vítima, o que não é verdade, e isso te enfraquece. Não é autoindulgência: Algumas pessoas acham que ao serem autocompassivas, vão se deixar fazer tudo o que quiserem, não saberão se dar limites (por exemplo: “hoje foi um dia muito estressante, eu  mereço comer um pote de sorvete”), mas a autocompaixão não é fugir das responsabilidades e ser preguiçoso, sabemos o que realmente nos faz bem e saudável -a longo prazo também-, temos atitudes construtivas e não destrutivas. Assim como cuidar de um filho, faz parte do amor dizer não. Não é negar os erros, as dificuldades e as emoções consideradas negativas: Ao contrário! Autocompaixão é reconhecer e aceitar sua vulnerabilidade humana (e é preciso muita força interna para assumir as fragilidades). É entender que, veja só: não há nada de errado em às vezes errar! Os erros fazem parte do nosso crescimento, e muitas vezes importante para nossos aprendizados. Quando temos compaixão conosco, isso nos motiva muito mais a tentarmos novamente, do que ficarmos nos “chicoteando”. Quando somos muito severos, temos mais medo das falhas, e por isso mais dificuldade em agir. 
         Para desenvolver o hábito da autocompaixão é importante observar seus pensamentos, seu diálogo interno. Ao tomar consciência dessas “vozes” críticas você pode se questionar: “É assim que eu gostaria de ser tratado? O que eu falaria para alguém eu amo?” Ao invés de ficar se acusando, se culpando (isso não só não ajuda como prejudica) você pode escolher mudar o tom e usar afirmações acolhedoras.

“Cultivando a autocompaixão, nós não nos avaliamos conforme os nossos sucessos, e não nos comparamos com os outros. Ao invés disso, reconhecemos as nossas falhas e erros com paciência, compreensão e bondade. Percebemos os nossos problemas dentro de um contexto maior da nossa condição humana compartilhada. Então, a autocompaixão, nos permite estar mais conectados com as outras pessoas, e mais positivamente à sua disposição. Finalmente, a autocompaixão nos permite ser honestos conosco. Com essa atitude de aceitação, a autocompaixão promove uma compreensão realista da nossa situação.” – Thupten Jinpa

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Psicoterapia e Meditação

Além do autoconhecimento, alguns dos maiores motivos para a busca de psicoterapia são: dificuldades nos relacionamentos, ansiedade, estresse, desânimo frequente, depressão, vícios/compulsões e baixa autoestima. Já há muitos estudos científicos comprovando a eficácia da meditação para esses mesmos sintomas, entre muitos outros benefícios para saúde física, mental/emocional. A meditação não exclui a psicoterapia verbal clássica, mas está inclusa dentro dela com finalidades terapêuticas comuns. Diferente do que muitos acreditam meditação não significa “pensar em nada”, também não precisa estar associado à religião ou misticismo nem há necessidade de rituais.
É comum pessoas falarem: “meditação não é pra mim, sou muito agitado (a)!”. Seria como dizer: “fazer aula de inglês não é pra mim, não sei falar nada”. Para essas pessoas que se consideram muito inquietas, não só é possível meditar como muito recomendado. Na psicoterapia e na meditação você passa a compreender que você não é esses rótulos que se atribui de acordo com suas emoções e comportamentos. Você se torna observador dos seus diálogos mentais, sem se envolver, sem “entrar no drama” das histórias que a mente conta. É possível, portanto, parar de alimentar a mente-que mente!- e assim, parar de ser “sugado” e controlado por ela. Com a prática, passamos a compreender que os pensamentos e emoções que naturalmente surgem irão também naturalmente se dissolver.
Existem diversas técnicas para meditar, porém, um princípio básico em todas é o treino da atenção ao momento presente. Focar na respiração, por exemplo, ajuda a mente não dispersar muito, e quando perceber que está divagando, é só voltar se concentrar na respiração, que só acontece no aqui e agora. O mais importante é não se julgar, não criticar seus pensamentos nem suas distrações, que são muito comuns. A meditação também é um processo de investigação da sua própria mente e de mudança da forma como você se relaciona com seus pensamentos. Portanto, não veja como problema suas divagações ou pensamentos e emoções consideradas negativas, ao contrário, você está tomando consciência, e isso é fundamental para qualquer mudança. Meditação e psicoterapia estão voltadas para o desenvolvimento humano, para a compreensão de nosso funcionamento mental e para maior qualidade de vida. Então, entre outras técnicas, algumas práticas de meditação, como “Mindfulness” (“Atenção Plena”), podem ser utilizadas por alguns psicoterapeutas, contribuindo muito para o tratamento. 


sábado, 20 de agosto de 2016

O que podemos aprender com a olimpíada

          http://www.folhasc.com/index.php?codigo=1568
          
             Tanto no esporte como na vida cotidiana o ''fracasso'' é inevitável. A questão é como lidar com ele. Quanto maior a expectativa se tem em uma vitória, maior a frustração de se sentir ''derrotado''. E tudo bem se sentir mal, desde que isso não chegue a prejudicar a pessoa nem prejudicar no desempenho dos próximos campeonatos. Ao invés de desestimular, o fracasso pode servir para impulsionar. Por mais que o fracasso seja visto como negativo, sem ele não haveria sucesso em outras circunstâncias, também haveria pouquíssima humildade e empatia. Muitas vezes as derrotas trazem mais lições e aprendizados que as vitórias.
        É preciso ter muita paciência e persistência, trabalhar nas causas do fracasso, aprender com os erros,  lembrar que é normal os "alto e baixos": mesmo o atleta que venceu, não significa que no próximo irá ganhar novamente.  Não aceitar o que já aconteceu só traz mais sofrimento. 
       Não é porque perdeu em um jogo, que a pessoa é "perdedora". Muitos atletas se identificam tanto com o que fazem, que confundem o "fazer/jogar" com o "ser". Aquele jogo especificamente pode ter sido um fracasso, isso não significa que que a pessoa que jogou, seja uma "fracassada''. Portanto não generalizar nem se rotular ajuda a enfrentar.  Então nessas horas ajuda muito lembrar que todas pessoas têm os momentos de fraqueza e fracasso, não há nada de errado nisso, ao contrário,  ajuda a crescer;  lembrar de outros momentos que já se fracassou e como superou, já é passado; lembrar de outros momentos que teve sucesso, que se sentiu realizado.

domingo, 31 de julho de 2016

Gula ou Compulsão Alimentar?





De vez em quando, você come a mais mesmo sem fome?  Às vezes não resiste e “belisca” alguns doces? Em algumas festas exagera na alimentação e se sente “empanturrado”? Provavelmente para pelo menos uma dessas perguntas a maioria vai responder que sim. São comportamentos que chamamos geralmente de “gula”. Mas, quando o “comer a mais” passa a ser caracterizado não como gula e sim como Transtorno de Compulsão Alimentar? 
Embora muitas pessoas estejam sujeitas a episódios esporádicos de gula, a frequência, a forma como eles são encarados e suas consequências podem indicar que se trata de Transtorno de Compulsão Alimentar, que tem como característica a pessoa comer em grande quantidade em um curto período, não tendo controle sobre o quanto se come.
Para caracterizar o diagnóstico, tais episódios devem ocorrer pelo menos duas vezes por semana em um período de seis meses consecutivos, sem comportamento de compensação para evitar ganho de peso, por exemplo, vomitar ou usar laxante (características de outro transtorno alimentar, a bulimia).
Vale ressaltar que não apenas pessoas obesas têm esse transtorno, magras –apesar de ser minoria- também podem ter, e nem todas as pessoas que são obesas necessariamente tem compulsão alimentar. Segue abaixo alguns possíveis sinais de Compulsão Alimentar:
  • Ingerir frequentemente uma quantidade excessiva de comida, mesmo sem fome; 
  •   Só conseguir parar de comer quando a comida acaba. Exemplo: Se tem uma caixa de bombons, come até esvaziar. Ou comer até se sentir desconfortavelmente cheio. 
  •    Comer escondido. Esconder hábitos alimentares devido a vergonha e para evitar críticas, preferindo comer sozinho;
  •   Esconder comida (podendo esconder estoques para quando sentir vontade) por vergonha e/ou por não querer dividir. Assim como, esconder embalagens vazias ou caixas de alimentos e gerar lixo em excesso;
  • Ter a comida como centro das atenções. É comum, por exemplo, estar almoçando e pensando no que vai lanchar à tarde, estar trabalhando pensando no que vai comer assim que puder etc.;
  • Mastigar e engolir muito rápido.
  • Comer para se sentir bem emocionalmente. “Todo excesso esconde uma falta”: Então, a comida em excesso pode servir para tentar ilusoriamente suprir uma sensação de vazio interior, pois na verdade se trata de uma “fome emocional”, caracterizando muitas vezes uma falta de sentido da vida, falta de amor próprio, podendo estar presente também a depressão; 
  •  Além de depressão, é muito comum a ansiedade e estresse;
  • Sentir culpa após um episódio de descontrole.  É comum se criticar, sentir remorso e repulsa das próprias atitudes.
·                Normalmente a compulsão alimentar está muito relacionada à baixa autoestima. Tanto como um dos desencadeadores da patologia, como também consequência do comportamento, já que a pessoa se culpa e se critica, pois sabe que precisa comer menos, mas não consegue se controlar, e geralmente também está insatisfeita com o peso. Acaba virando um círculo vicioso: A pessoa se sente mal e “desconta” na comida como uma “válvula de escape”, e por agir dessa forma, sente-se pior ainda, então, em um ato de autossabotagem (para se punir, -mesmo sem ter consciência disso- já que fica com raiva de si) e/ou para não lidar com os problemas, evitando entrar em contato com seus sentimentos e emoções, come mais ainda! Os pensamentos e dificuldades giram em torno de tudo relacionado aos prazeres e dores que a comida proporciona, ocultando assim as verdadeiras causas de suas angústias. Para o tratamento ser mais eficaz é fundamental encontrar a raiz desse sofrimento, que não é a comida, a compulsão, nem o peso, para isso a psicoterapia ajuda muito.
         Diferente da gula, a compulsão alimentar é um transtorno que, como dito acima, não só TRAZ sofrimento como também é um SINTOMA de sofrimento, que precisa ser identificado e tratado. Para isso é recomendável ajuda de alguns profissionais e tratamentos como: Psicoterapeuta, Nutricionista, Nutrólogo, Educador Físico, Endocrinologista, Yoga e Acupuntura.