Franco Fanti, irmão de Fausto Fanti, do "Hermes e Renato",
que foi encontrado morto nessa quarta-feira com um cinto amarrado no pescoço, usou
seu Facebook para fazer um desabafo sobre o provável suicídio do humorista.
Franco afirma que o irmão estava em depressão e, por isso,
tomou a atitude de acabar com a própria vida. "Existem diversas razões pela
qual uma pessoa escolhe esse caminho de tirar a própria vida, um deles é a
depressão. Não pretendo entrar em detalhes dos sintomas e curas desta doença,
mas quero sim deixar claro que é uma doença séria que precisa de tratamento",
escreveu.
Ele ainda credita sua serenidade e clareza à psicologia e
pede que, assim como ele, todos tentem cuidar da mente: "Se hoje me elogiam
pela minha serenidade e clareza em um momento tão duro, aceito e agradeço o
elogio, mas o mérito é da fé, do amor e da psicologia. Fé e amor são
experiências pessoais minhas, mas a psicologia é uma ciência ao alcance de
todos".
Franco finaliza dizendo que terapia e psicologia não são
frescuras, besteiras, ou coisas para quem é maluco e, sim, uma forma de aliviar
e até salvar muitas vidas. "Espero que se divulgue
e se fale mais de como é saudável cuidarmos da nossa mente, que se fale mais da
seriedade dessa doença, que as pessoas não deixem de buscar tratamento
psicológico por preconceito e ignorância."
Confira o desabafo de Franco Fanti na íntegra:
"Pra que a morte do meu irmão não seja em vão.
Há 5 dias atrás meu irmão, meu ídolo, minha inspiração como artista, um
exemplo como pai, como marido e como homem em muitos aspectos, tirou a
própria vida com apenas 35 anos de idade. Por mais triste, terrível e
doloroso que esteja sendo, sinto que devo expor um pouco dessa tragédia,
de tudo que aprendi e estou aprendendo com ela.
Aprendi que é muito
reconfortante, dá muita forca e é fundamental em uma situação como essa
receber carinho. É verdade, não tem muito o que ser dito, mas saiba que
qualquer abraço, olhar, mensagem ou carinho como dizer "estou aqui; me
sensibilizo com sua dor, como vc está?" faz muita diferença pra quem
passa por algum tipo de situação dolorosa ou de perda. Por isso
quero MUITO agradecer aos meus parentes e amigos que me ajudaram e
apoiaram MUITO, aos conhecidos, fãs, enfim, TODOS que se deram ao trabalho
de conseguir meu telefone ou me escrever uma mensagem, por
facebook, twitter, instagram. Vou responder com carinho a cada uma das
zilhões de mensagens em breve.
Aprendi a ter mais compaixão por
todos que estão aqui nesse momento no mundo comigo. Todos nós
carregamos uma cruz. O suicídio do meu irmão aliado ao carinho de tanta,
tanta, tanta gente, me fez perceber algo que pra mim já era claro:
estamos todos conectados.
Estava voltando do Vale do Capão, cheguei
em Palmeiras esperando o ônibus pra viajar a madrugada toda, 7 horas até
Salvador. Tinha acabado de receber a notícia do suicídio do meu irmão
por telefone e estava absolutamente sozinho e bem longe de qualquer
abraço conhecido. Absorto no meu sofrimento e abstração do mundo sentei
no lugar onde uma senhora de uns 50 anos estava sentada. Ela foi super
grosseira comigo me enxotando agressivamente do lugar dela. Eu não
revidei, nem respondi, tive uma epifania naquele instante. Percebi que
tinha que ser gentil e educado. Além de não ajudar em nada ali, uma
resposta na mesma vibração negativa, me deixaria emocionalmente ainda
pior e espalharia mais energia negativa e rancor. Além disso eu não sei o
peso da cruz que havia pro trás daquele amargor e grosseria, bem como
ela não sabia do peso da cruz que eu carregava naquele momento. Não sou
Jesus nem Buddha, mas gentileza gera gentileza, compaixão gera compaixão
e a gente precisa ter mais compaixão uns com os outros, todo o mundo só
tem a ganhar com isso, e isso só depende da atitude diária de cada um
de nós.
Aprendi a ter mais amor e a resolver hoje, não amanhã ou semana que vem as pendências que eu tenho na minha vida. Nunca me dei
mal com meu irmão, mas ele era muito tímido e fechado.
Sempre tive desejo de ser mais amigo dele e me sinto muito feliz de ter
buscado e conseguido isso antes dele morrer. Tenho certeza que este
momento agora seria muito mais difícil caso não tivesse buscado essa
aproximação,caso eu não tivesse dito que amava ele, caso não tivesse
conversado tanto nos últimos dias, caso não tivesse falado no domingo
que ele não estava sozinho e que podia contar comigo pro que quisesse e
precisasse. Não deixe pra amanhã a aproximação de quem está distante de
você, a fala presa na garganta, porque o amanhã com essa pessoa pode
não existir. Não tenha vergonha de dizer que ama seus entes queridos.
Aprendi um significado mais profundo de livre arbítrio. Quando alguém
próximo a você comete suicídio quase todos que conheciam a
pessoa tem a sensação de que poderiam ter salvado ela, caso tivessem
feito ou deixado de fazer algo. Esse sentimento é um equívoco pois ele
só surge diante de uma perspectiva que não se tinha antes do ocorrido.
Ninguém, absolutamente ninguém que tenha o mínimo apreço pela vida da
pessoa que se matou, deixaria de ajuda-la, ou de tentar convencê-la de
não fazer isso, caso já soubesse que a pessoa poderia de fato vir a se
matar. Além disso, ouvi diversos casos de pessoas que perderam alguém
através de um suicídio que demonstram que a determinação da pessoa é
tamanha que não há quase nada que a impeça de tomar essa atitude. E o
fato é: não aconteceria caso ela própria não escolhesse esse caminho.
Existem diversas razões pela qual uma pessoa escolhe esse caminho de
tirar a própria vida, um deles é a depressão. Não pretendo entrar em
detalhes dos sintomas e curas desta doença, mas quero sim deixar claro
que é uma doença séria que precisa de tratamento. O problema é que é
difícil distinguir traços de personalidades fechadas com depressão, e
você pode tentar alertar as pessoas da seriedade de cuidar da cabeça,
fazer de tudo pra ajudá-las, mas só a própria pessoa tem o livre
arbítrio de andar com as próprias pernas até o consultório.
Se
hoje me elogiam pela minha serenidade e clareza em um momento tão duro,
aceito e agradeço o elogio, mas o mérito é da fé, do amor e da
psicologia. Fé e amor são experiências pessoais minhas, mas a psicologia
é uma ciência ao alcance de todos.
Assim espero que se
divulgue e se fale mais de como é saudável cuidarmos da nossa mente, que
se fale mais da seriedade dessa doença, que as pessoas não deixem de
buscar tratamento psicológico por preconceito e ignorância. Terapia e
psicologia não é frescura, besteira, ou coisa pra quem é maluco como já
ouvi de gente bronca, ela pode aliviar e até salvar muitas vidas .
Escrevo esse texto com o intuito de que minha mensagem atinja o maior
número de pessoas possível para que não só eu minha família e as pessoas
diretamente conectadas ao Fausto aprendamos algo com essa situação
trágica. Exponho um pouco da minha vida e da vida do meu irmão para que
você que lê não precise passar por algo traumático como eu para praticar
estas lições, para que essa mensagem sirva de alento pra quem já passou e
não superou ou para quem venha a passar por essa mesma situação. Escrevo
para que a morte e o sofrimento do meu irmão não sejam em vão,
para tentar passar um pouco desse amor que eu aprendi a ter ainda maior
pela minha vida, pela vida dos meus familiares e amigos, pela vida de
pessoas como você que lê.
Ainda que não nos conheçamos: estamos todos
conectados."
Fonte: http://www.flashland.com.br/lifestyle/irmao-de-fausto-fanti-do-hermes-e-renato-desabafa-sobre-morte-do-irmao
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